Todos os dicionários que consultei — Houaiss, Academia das Ciências de Lisboa, Aulete, etc. — concordam que moleque vem do quimbundo muleke, que significa ‘garoto, filho pequeno’. E os primeiros exemplos que encontramos do uso da palavra são coerentes com esta tese. O Houaiss indica que a palavra já estava em uso em 1716. A exemplo mais antigo que encontrei no Google Books é de 1727 nas Memórias Historicas de Fr. Manoel de Sá (grafia original e ênfase minha em todas as citações):
O segundo foy , que estando em Itapicurú, e sendo já notória a sua virtude, lhe rogou hum dos moradores da dita terra, quisesse ir ver hum moleque, que tinha em artigos de morte, por ter atravessada na garganta huma espinha de peixe denominado Buge.
O exemplo seguinte é já de 1816, numa espécie de carta publicada em Macarronea Latino-Portugueza, em que o autor respeitosamente se subscreve:
Sou, e serei de v. m.
Criado seis furos abaixo de moleque
Encontramos também moleque no Dicionário Morais Silva de 1831:
MOLÉQUE, s. m. pretinho, negro pequeno.
E também neste Novo Dicionario Francez-Português de 1836:
NÉGRILLON, NE, s. fam. Dim. (negrilhôn, ne) negrinho, moleque, pretinho, a.
Parece-me portanto que não têm razão de ser as controvérsias em torno da origem da palavra.