Porque é que em Portugal se escreve "género" e no Brasil "gênero"?
Já vi mais palavras deste género e gostaria de saber o porquê desta diferença.
Porque é que em Portugal se escreve "género" e no Brasil "gênero"?
Já vi mais palavras deste género e gostaria de saber o porquê desta diferença.
É porque as palavras como aquelas têm duas pronúncias atuais, uma com vogal aberta em Portugal e outra com vogal fechada em (grande parte do) Brasil.
Do artigo de Wikipédia sobre o Acordo Ortográfico de 1990:
Surgem assim as duplas grafias em certas palavras nas vogais tónicas e e o que soam abertas em Portugal e nos países africanos, recebendo, por isso, acento agudo, mas que são de timbre fechado em grande parte do Brasil, grafando-se por conseguinte com acento circunflexo: académico e acadêmico, cómodo e cômodo, efémero e efêmero, fenómeno e fenômeno, ónus e ônus, pónei e pônei, Vénus e Vênus, matiné e matinê, judo e judô, etc. Os casos de dupla acentuação gráfica abrangem aproximadamente 1,27% do vocabulário geral da língua.
A teoria é que deverias escrever qualquer das duas formas, dependendo do que realmente dizes na tua fala normal.
Em Portugal, numa tentativa de unificar as grafias adotou-se a regra de que quando o timbre da vogal pré-nasal é variavel usa-se o acento agudo apenas para demarcar a silaba tonica (à semelhança do que acontece em também, convém, etc).
No Brasil optou-se por grafar com acento circunflexo as vogais pré-nasais.
Portanto tem-se quilómetro, termómetro, andrómeda, etc, em Portugal e quilômetro, termômetro, andrômeda, etc, no Brasil.
Emprego do acento circunflexo nas vogais a, e e o tónicas dos vocábulos proparoxítonos, quando elas são seguidas de sílaba iniciada por consoante nasal e são invariavelmente fechadas na pronúncia de Portugal e do Brasil. (Exemplos: câmara, pânico, fêmea, cômoro.) Emprego do acento agudo em vez do circunflexo, quando não se dá essa invariabilidade de timbre. (Exemplos: académico, edénico, anatómico, demónio.) O mesmo se observará em relação aos paroxítonos que, precisando de acentuação gráfica, estejam em idênticas condições. (Exemplos: Ámon, fémur, Vénus, abdómen, bónus.)
Observe-se que o acento agudo nos sobreditos casos de pronúncia não invariável serve apenas para indicar a tonicidade, e não o timbre.
Fonte: Acordo Ortografico de 1945.