Com alguns verbos, eu claramente prefiro custa-me a:
(a) Custa-me a crer nisso (em vez de custa-me crer nisso)
(b) Custa-me a respirar com este calor
Com outros, prefiro simplesmente custa-me, sem o a:
(c) Custa-me dizer-lhe que não
(d) Custa-me deixá-lo sozinho
Fui ver se seria só mania minha, mas parece que há aqui mesmo qualquer coisas. Embora os números, mesmo os de Portugal, não espelhem exatamente as minha preferências, em ambos os países a propensão a usar o a é claramente maior nos verbos em que eu o usaria do que nos outros.
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Custa-me a Custa-me Custa-me a Custa-me Custa-me a Custa-me
crer 227 71 131 237 24/19* 22/6*
respirar 35 50 17 23 21 10
dizer 13 140 1 117 3 13
deixar 1 78 2 32 3 10
* Nota: 19 contra 6 se excluirmos gramáticas; parece que todas elas usaram o verbo “crer”
para ilustrar estas regências de “custar”.
Ao que parece eu falo à Machado de Assis:
Eu sei? custa-me a crer no amor.
Machado de Assis, Contos FluminensesCusta-me dizer isto, mas antes peque por excessivo que por diminuto.
Machado de Assis, Dom Casmurro
Atualização. Edite Prada no Ciberdúvdas reconhece estas duas regências, dizendo que “[o] uso ou não da preposição parece estar relacionado com o verbo que ocorre na frase infinitiva e com as suas características lexicais”, o que não nos diz muito.
A questão então é: porque é que tendemos a usar este a mais com uns verbos do que com outros? Que propriedades do verbo favorece o uso do a? Que faz o a neste tipo de frases?