Um clássico truque ensinado por professores nos tempos de escola ao ensinar sobre vogais nasais é mostrar que, com o nariz fechado, ao pronunciarmos palavras com sons nasais, sentimos nele uma vibração. Se isso de fato acontece em palavras como campo, ganso, tonto, alecrim e homem, não me parece 100% claro que o mesmo ocorra em outras palavras com sons denominados nasais, mais especificamente daquelas terminadas em ã, como hortelã, lã e fã.
Se pronuncio a palavra cidadã com o nariz tampado, não sinto vibração alguma no nariz nem o som da palavra muda (comparado ao que é emitido quando não o tampo). O que sai é um som mais fechado, ou melhor, algo muito parecido com o schwa da língua inglesa. Exatamente o mesmo ocorre com todas as pessoas ao meu redor, no Sul do Brasil (de onde sou).
Como a lusofonia não se resume ao Sul do Brasil, decidi fazer uma pesquisa muito amadora, escutando pessoas de regiões distintas em entrevistas de televisão. Os paulistas pareceram ter a mesma pronúncia que os sulistas, enquanto pessoas de lugares como o Rio de Janeiro e vários estados do Nordeste demonstraram de fato a nasalidade que teria o ã, cujo som, das suas bocas, com os seus sotaques, parece soar até “meloso”. Para os cariocas, por exemplo, o som do ã em hortelã é bem mais alongado do que o meu. Em relação aos portugueses, o que pude perceber é que o seu som é bastante aberto, muito diferente do que se ouve do Brasil, pelo que não consigo fazer uma boa descrição de como se pronuncia na Europa.
É possível afirmar que o ã final de certas palavras do português nem sempre é pronunciado como um som nasal? Ou a minha impressão está equivocada, e há critérios mais amplos para definir um som nasal?