Várias fontes afirmam que essa palavra deve ter sua primeira letra grafada em maiúscula quando faz referência a uma “nação politicamente organizada” (nas palavras do Manual de Comunicação da Secom, um dos primeiros portais que aparecem ao se pesquisar “estado em maiúsculas” no Google). Os dicionários Caldas Aulete, Priberam e Michaelis, os três disponíveis na internet, seguem a mesma lógica. A Real Academia Española, instituição oficial reguladora do espanhol, idioma familiar ao nosso, também a defende. Parece, em suma, haver um consenso em torno dessa posição quanto à palavra.
Entretanto, não consigo entender o porquê de tal posição. Alguns dizem que devemos usar a maiúscula para diferenciar um significado dos outros. Ora, se é assim, então por que não fazemos o mesmo com outras palavras? Não é possível que “estado” gere ambiguidade por não ter uma maiúscula no começo. Se não se trata de nome próprio, não há motivo para que a escrevamos com maiúscula inicial.
Aliás, sobre isso, vale lembrar que, na época do Formulário Ortográfico de 1943, havia regras no mínimo questionáveis no tocante às maiúsculas. Era dito que se empregava a maiúscula inicial “nos nomes que designam altos cargos, dignidades ou postos”, o que nos levava a ter de decidir o quão alto era um cargo. “Raça”, “pátria”, “nação” e assemelhados recebiam também o “privilégio” das maiúsculas. A meu ver, essa antiga regra parece ter influenciado a forma de escrevermos as palavras, porque, até hoje, é comum ler maiúsculas sem nenhuma justificativa, quase que como adornos ou servindo de negrito. No âmbito do direito, é um hábito comum. Há quem recomende que se escreva “Réu”, assim mesmo. Já li uma forma pior: “Estado Democrático de Direito”. Se “Estado” já é questionável, “Democrático de Direito” é uma aberração.
É mesmo só uma forma de enfeitar os textos? Discordam dessa visão? Por que inclusive as editoras seguem essa pseudoregra?