English (Portuguese below)
Yes, palpite meant ‘hunch’ before 1900 already, both in Brazil and Portugal. The first known use indicated in Dicionário Houaiss (Lisbon, 2002)―my first port of call for these type of enquiries―is the entry in the 1878 Moraes Silva dictionary (original spelling, rather different from the current one, in all quotes):
Palpite, s. m. t. pop. Inspiração que sobrevem ao espirito para o mover a escolher ou fazer, sem motivo algum, alguma cousa de preferencia a outras.
Moraes Silva, Diccionario da Lingua Portugueza, 7º edição, tomo II, Lisboa, 1878, p. 400.
Naturally we find this use earlier. The earliest example I could find is from 1848, precisely in Brazil (my boldface in all quotes below):
—Entaõ temos d’escolher entre a roleta e a banca… qual quereis?
—Tanto sei d’um como d’outro.
—Isso naõ obsta, meu caro. A roleta e a banca são jogos d’igual merecimento e inventados ambos para ignorantes da vossa especie… Não haveis de ser vós o que haveis de jogar, incumbir-se-ha disso o banqueiro. Eia, disei a vossa opinião, segui o vosso palpite.
Paulo Feval, O Mendigo Negro, translated by A. Rego, “natural do Maranhão,” Maranhão, 1848, p. 116.
The 1878 dictionary says this use is informal, but we find it in 1874 in Brazil in a formal speech in a respectable institution:
[…] mas perguntará o orador a razão que levou o signatario do relatorio a considerar essas estimativas como mais dignas de confiança, foi palpite ou considerações e respeito aos autores ou autor das mesmas?
Revista do Instituto Polytechnico Brasileiro, tomo III, Rio de Janeiro, 1874, p. 27.
We find this use in Portugal too in this 1861 magazine and in 1865 by the pen of a famous writer:
—É muita delicadeza da parte de v. ex.ª, disse Iphigenia.
—Oh, minha senhora!... tartamudeou o morgado da Agra, offerencendo-lhe o braço.
—Parece, tornou ella quando iam subindo, que o meu palpite não me enganou…
—O palpite de v. ex.ª
—Sim… eu contava com um cavalheiro no rigor da palavra… Delicadeza egual ao talento, qualidades que raras vezes se conformam.
Camillo Castelo Branco, A queda d’um anjo, [1º edição 1865], Lisboa, 1873, p. 204.
Portuguese
Sim, palpite já significava ‘pressentimento’ no século XIX, quer no Brasil quer em Portugal. O uso mais antigo do termo indicado no Dicionário Houaiss (Lisboa, 2002)―o melhor que eu conheço para este tipo de coisas―é o verbete no dicionário de Moraes Silva de 1878 (grafia original em todas as citações):
Palpite, s. m. t. pop. Inspiração que sobrevem ao espirito para o mover a escolher ou fazer, sem motivo algum, alguma cousa de preferencia a outras.
Moraes Silva, Diccionario da Lingua Portugueza, 7º edição, tomo II, Lisboa, 1878, p. 400.
Naturalmente a palavra já se usava antes. A ocorrência mais antiga que encontrei é de 1848, e vem precisamente do Brasil (negrito meu em todas as citações seguintes):
—Entaõ temos d’escolher entre a roleta e a banca… qual quereis?
—Tanto sei d’um como d’outro.
—Isso naõ obsta, meu caro. A roleta e a banca são jogos d’igual merecimento e inventados ambos para ignorantes da vossa especie… Não haveis de ser vós o que haveis de jogar, incumbir-se-ha disso o banqueiro. Eia, disei a vossa opinião, segui o vosso palpite.
Paulo Feval, O Mendigo Negro, traduzido por A. Rego, natural do Maranhão, Maranhão, 1848, p. 116.
O dicionário Moraes Silva qualifica este uso como popular, mas em 1874 já o encontramos, também no Brasil, em discursos cuidados em instituições respeitáveis:
[…] mas perguntará o orador a razão que levou o signatario do relatorio a considerar essas estimativas como mais dignas de confiança, foi palpite ou considerações e respeito aos autores ou autor das mesmas?
Revista do Instituto Polytechnico Brasileiro, tomo III, Rio de Janeiro, 1874, p. 27.
Também em Portugal se encontra este uso nesta revista de 1861 e em 1865 numa obra de Camilo de Castelo Branco:
—É muita delicadeza da parte de v. ex.ª, disse Iphigenia.
—Oh, minha senhora!... tartamudeou o morgado da Agra, offerencendo-lhe o braço.
—Parece, tornou ella quando iam subindo, que o meu palpite não me enganou…
—O palpite de v. ex.ª
—Sim… eu contava com um cavalheiro no rigor da palavra… Delicadeza egual ao talento, qualidades que raras vezes se conformam.
Camillo Castelo Branco, A queda d’um anjo, [1º edição 1865], Lisboa, 1873, p. 204.