15

Talvez a primeira destas duas perguntas se aplique tanto a português como a outras línguas.

Estou particularmente interessado em português de Portugal, mas uma resposta ideal tratará várias versões da língua.

Quando escrever números por extenso e quando escrever com algarismos?

Uma regra que uso, para bem ou para mal, é a seguinte. Por exemplo, escreveria "Duas bolas" em vez de "2 bolas" por quando leio o algarismo 2, não sei se é "dois" ou "duas". Atendendo a que os números um e dois são os únicos que têm esta particularidade, se houver mais que duas unidades do objeto, raciocino com duas unidades e adapto ao número de objetos em questão. Esta forma de pensar está errada?

3
  • Peço a quem esteja por dentro das tags que adicione as que considerar indicadas.
    – Git Gud
    Commented Jul 16, 2015 at 16:44
  • Essa é complicada...
    – Jorge B.
    Commented Jul 16, 2015 at 16:53
  • A segunda parte, embora pretenda justificar uma linha de pensamento da primeira, aborda um assunto bem diferente. Apenas acontece que o "um" e o "dois" têm formas diferentes no masculino e no feminino.
    – E_net4
    Commented Jul 16, 2015 at 16:54

3 Answers 3

10

Uma regra clara para isso é o caso do "um" e do "uma". Quando são empregados como artigos, devem ser escritos por extenso. Quando expressão numerais, podem ou não ser escritos por extenso.

Por exemplo:

Um menino bateu à porta.
1 menino bateu à porta.

Neste caso, a primeira forma sempre está correta (a palavra "um" está empregada como um artigo indefinido). A segunda forma depende do contexto da frase, e só estará correta se a finalidade do 1 for a de expressar quantidade, e não que simplesmente "alguém bateu à porta".

Nas demais situações, tanto faz se o numeral é escrito por extenso ou não. Entretanto, por vezes é mais conveniente escrevê-lo em formato numérico. Por exemplo:

A raiz quadrada de 81 é 9.
A raiz quadrada de oitenta e um é nove.

A área total do município é de 8746578 m².
A área total do município é de oito milhões, setecentos e quarenta e seis mil, quinhentos e setenta e oito metros quadrados.

O pagamento de R$ 15,22 foi efetuado.
O pagamento de quinze reais e vinte e dois centavos foi efetuado.

Além disso, o "um" e o "dois" não são os únicos numerais que podem variar com o género, existem mais oito numerais não-compostos nesta categoria, a saber:

duzentos - duzentas
trezentos - trezentas
quatrocentos - quatrocentas
quinhentos - quinhentas
seiscentos - seiscentas
setecentos - setecentas
oitocentos - oitocentas
novecentos - novecentas

6
  • 1
    Tangencialmente relacionado: pode começar-se uma frase com um algarismo?
    – Git Gud
    Commented Jul 16, 2015 at 17:49
  • @GitGud Sim, claro: "257 novas casas foram construídas no bairro". Commented Jul 16, 2015 at 17:50
  • O primeiro caso é um pouco falacioso, atenda à minha resposta.
    – E_net4
    Commented Jul 16, 2015 at 17:54
  • Acrescento também que a pergunta está apontada para o português de Portugal.
    – E_net4
    Commented Jul 16, 2015 at 17:57
  • @E_net4 Quanto ao primeiro questionamento, eu digo que é por isso que na resposta eu escrevi "Quando são empregados como artigos, devem ser escritos por extenso.", mas para evitar mal-entendidos, eu coloquei um parênteses depois para reforçar isso. Quanto ao segundo, sim a pergunta está para o português europeu, mas não vejo nada na resposta que necessite de algo específico para o português europeu, apenas troquei "gênero" por "género". Se houver algo a mais, me aponte. Commented Jul 16, 2015 at 18:02
8

Em jornalismo, e em ensaios, a regra é escrever por extenso os números de zero a dez, e como algarismo todos os outros.

Usei aqui a respectiva secção do The Economist Style Guide, um dos standards para a língua inglesa (agradeço a quem possa fornecer equivalente referência para a língua portuguesa):

  1. Evite começar uma frase com um algarismo. Escreva sempre por extenso.

  2. Escreva por extenso os números de um a dez, excepto em:

    • referências a páginas
    • percentagens
    • unidades de medida
    • descrições de cálculos
    • conjuntos de números em que pelo menos um seja maior do que dez.
  3. É permissível usar números por extenso em quantidades redondas, ou aproximações.

Exemplos

Foram enviadas para o local quatro das sete viaturas.
Foram enviadas para o local 9 das 43 viaturas.
Passados 60 dias, não houve ainda resposta à petição pública.
Cerca de duas centenas de protestantes reuniram-se à porta da assembleia.
Foram anunciadas quinhentas novas vagas.

3
  • Eu preferiria Evite começar uma frase com um algarismo. Se a frase começar com um número de vários dígitos, fica estranho por extenso.
    – ANeves
    Commented Aug 3, 2015 at 11:27
  • @ANeves Na fonte que referi, usam o termo "never", mas claro que, não sendo um documento oficial da língua, mas uma convenção profissional, a mesma prescrição não se aplica aqui. Editei seguindo a sua sugestão. Commented Aug 3, 2015 at 14:27
  • Língua portuguesa, você pode usar o manual de redação da folha de Sao Paulo. acmcomunicacao.com.br/wp-content/midias/… (versão compilada por outra pessoa) Commented Aug 3, 2015 at 15:17
6

A língua portuguesa não estabelece estritamente uma regra para quando escrever por extenso ou por algarismos. Tanto posso ter "555 pães" como "quinhentos e cinquenta e cinco pães". O que poderá surgir na escrita de documentos mais formais é uma convenção ou norma que deve ser cumprida de acordo com o contexto, normalmente para facilitar a leitura. Uma possível seria usar a forma em extenso se e só se o número for um numeral não composto (ex: seis, dois, quinhentos, 33, 2014). Este tipo de normas não fazem parte da gramática.

Acrescento contudo, o caso à parte em que um número representa um século: devemos escrevê-lo em numeração romana (ex: "século XIII" em vez de "século 13").

Também adiciono o que disse nos comentários: Os números "um" e "dois" são os únicos numerais dentro das unidades (porque nas centenas também surgem outros casos) que têm formas diferentes no masculino e no feminino, mas este facto não impõe nenhuma regra na escrita destes números.


O caso mencionado pelo @VictorStafusa relativamente à palavra "um" está bem apontado, mas aí a palavra não é um numeral, mas sim o artigo indefinido do singular. "1 menino está à porta" ou "1 dia vou para Guimarães" são frases incorretas, mas apenas surgem como uma má interpretação da diferença entre o numeral e o artigo indefinido.

4
  • *disseste :-P
    – Git Gud
    Commented Jul 16, 2015 at 17:48
  • Não. Fui eu que disse.
    – E_net4
    Commented Jul 16, 2015 at 17:49
  • Ahhh! Percebi mal.
    – Git Gud
    Commented Jul 16, 2015 at 17:50
  • @ANeves De todos os modos, a distinção entre os numerais e os artigos indefinidos foi uma constatação à parte.
    – E_net4
    Commented Aug 3, 2015 at 11:47

Your Answer

By clicking “Post Your Answer”, you agree to our terms of service and acknowledge you have read our privacy policy.

Not the answer you're looking for? Browse other questions tagged or ask your own question.