Foi a primeira vez que encontrei esta expressão. A primeira coisa que me ocorreu, tal como ao Artefacto, foi que uns sofrem, e outros conseguem beneficiar com isso. Possivelmente de forma perfeitamente lícita: afinal não há nada de errado em vender lenços. Veio-me à ideia uma agência funerária.
Depois de uma vista de olhos pela net, cheguei a outra conclusão. O melhor uso da expressão é para descrever duas atitudes opostas perante uma adversidade: uns lamentam-se e baixam os braços; outros arregaçam as mangas e tentam encontrar no meio da adversidade oportunidades para singrar e dar a volta por cima, possivelmente beneficiando da passividade dos primeiros. Nesta interpretação, os que choram são essencialmente vítimas da sua própria passividade. O melhor exemplo que encontrei foi este artigo sobre a crise num setor industrial numa cidade no interior de São Paulo, os que choram e os que vendem lenços:
"Crise para os outros. A verdade é que nós estamos sabendo da globalização e do aumento da competitividade há quanto tempo? Por isso viemos nos preparando. Já há alguns anos fazemos programas de qualidade e produtividade e nos preparamos para este momento. E os outros? A verdade é que enquanto nós trabalhávamos 12 horas por dia em direção à modernidade, os outros empresários da cidade formavam comissões para falar com deputados, secretários e ministros pedindo proteção ao setor.... Hoje estão todos quebrados. Não entenderam o tempo em que estamos vivendo."
Em quase todos os outros casos, a expressão é usada de forma mais vaga. Em geral aponta o erro da passividade e acomodação e aconselha uma atitude ativa e combativa para singrar na vida. Agora, não há aqui qualquer razão para sarcasmo. O tom sarcástico detetado pelo Centaurus na entrevista leva-me a crer que a expressão tenha sido empregue aí com outro sentido, possivelmente no tal sentido de uns se aproveitarem das desgraças dos outros. Não me parece que a expressão assente aí tão bem como para exprimira a oposição passividade/combatividade, mas cada um é livre de a utilizar como quiser.