Nem toda oração que contém um gerúndio é uma oração "reduzida de gerúndio".
Uma oração reduzida de gerúndio é uma oração subordinada, em que a conjunção subordinativa é substituída pelo uso do verbo principal no gerúndio.
Por exemplo, na frase seguinte,
Se quiser voltar para casa, peça.
Temos duas orações, Peça, que é a principal, e Se quiser voltar para casa, que é a subordinada, e explica em que condições é para pedir.
Essa oração subordinada pode ser "reduzida", usando-se um gerúndio:
Querendo voltar para casa, peça.
Mas na frase
McCann vem se debruçando sobre os problemas concernentes à atuação
política dos militares há mais de trinta anos.
não há nenhuma oração subordinada. Debruçar-se aí é o verbo principal. O gerúndio neste caso indica o tempo (presente) e o aspecto verbal (contínuo) - McCann está se debruçando agora, não amanhã, e também não começou agora. Não indica subordinação.
Por isso, a regra não se aplica neste caso.
Para sentir melhor a diferença, eis uma frase sobre McCann e os militares que contém de fato uma oração reduzida de gerúndio:
Debruçando-se sobre os problemas concernentes à atuação política dos militares há mais de trinta anos, McCann concluiu que é melhor que eles deixem a política para os políticos.
Aqui sim temos uma oração composta: McCann concluiu que é melhor que os militares não se metam em política. Por quê? Por que se debruçou sobre a atuação política deles. A oração não reduzida é
McCann concluiu que é melhor que os militares deixem a política para os políticos, pois se debruça sobre os problemas concernentes à atuação política deles há mais de trinta anos.
Veja que aqui a ênclise não é somente por que "não se começa frase com próclise":
McCann concluiu que é melhor que os militares deixem a política para os políticos, debruçando-se sobre os problemas concernentes à atuação política deles há mais de trinta anos.
Ainda assim, a regra me parece um tanto ou quanto preciosista. Não vejo por que seria errado, ou deselegante, dizer, ou escrever,
McCann concluiu que é melhor que os militares deixem a política para os políticos, se debruçando sobre os problemas concernentes à atuação política deles há mais de trinta anos.
Parece mais um daqueles casos em que os gramáticos normativos querem congelar a língua no século XIX...
vem debruçando se