Ora premĕre significava ’premer, carregar’, e pressus, falando-se de cores, já significava ’deprimida, escura’ (Wikitionary e Lewis and Short). Podemos então perguntar porque é que preto não vem diretamente de *prettus, em vez de via apretar. Na verdade, o Aulete e o Michaelis dispensam o apretar e simplesmente dizem que preto vem do latim *prettus (mas não dizem que vem diretamente).
Corominas e Pascual rejeitam a origem em pressus. Dizem que a forma prettus não é conhecida (o asterisco indica precisamente que a forma é conjetural) e que os únicos dois casos que eles conhecem de passagem de -ss não é conhecida (o asterisco indica precisamente que a forma é conjetural) e que os únicos dois casos que eles conhecem de passagem de -- no latim a -sst- no latim a -t*- nas línguas neolatinas “são muito diferentes e têm explicações que não se poderiam aplicar a este *PRETTUS.”
Corominas e Pascual discutem e rejeitam ainda outras hipóteses, que também a mim me parecem muito especulativas. Podem ler o verbete completo (página e meia!) no link.
Antenor Nascentes (Dicionário Etimológico da Língua Portuguesa, 1955, p. 415) apresenta ainda outras hipóteses. Diz que houve quem sugerisse origem no grego pyraithés, ’ardente, queimado pelo fogo’, e que o filólogo João Ribeiro propôs origem no latim pletu, ’cheio’, por uma associação em que “branco passou a designar vazio (em branco) e preto designava cheio”. Contra esta hipótese foi observado que pletu nunca daria prieto em castelhano, e que o latim plere (donde derivaria pletu) não é conhecido por si só; apenas com elemento compositivo de outros verbos, como implere, que nos deu encher, complere, que nos deu cumprir, etc.