Pelo que percebo, o uso correcto deste modo destina-se a acções passadas ou atemporais, em orações subordinadas iniciadas por ***que*** (a acção principal geralmente denota pedido, ordem, sugestão, etc.):

> Foi-nos pedido que _ligássemos_ antes.  
> Ordenei que se _calassem_!

ou em orações subordinadas condicionais iniciadas por ***se*** ou ***caso***:

> Se _quisesse_, fazia-o eu!  
> Caso isso se _partisse_, terias que o arranjar.

No entanto, tenho-me deparado, recentemente, na [10ª edição da Editorial Presença de _Crime e Castigo_ (com tradução de Nina Guerra e Filipe Guerra)][1], com frases como as seguintes (ponho um pouco mais de texto, para ter a certeza que o contexto é transmitido, e que não é este, porventura, que justifica o uso do tempo):

> Depois, num pânico louco, precipitou-se para o canto onde o buraco no papel de parede servira de esconderijo às coisas, enfiou a mão e durante alguns minutos apalpou-o minuciosamente, passando por todas as reentrâncias e rugas do papel. Como não **_encontrasse_** nada, levantou-se e começou a recuperar o fôlego. (p. 255)

e

> — Com grande prazer. Ao chegar aqui à cidade, e como **_tivesse_** decidido empreender um... _voyage_, quis tomar algumas providências necessárias. (p. 275)

Ambas me soam mal. No segundo exemplo, talvez falte apenas um ***se***, embora o uso repetido deste tempo verbal nesta tradução me leve a crer que não é esse o caso. No primeiro, parece-me que o pretérito perfeito do indicativo seria mais indicado. 

Os tradutores fizeram uso do modo verbal errado, ou falha-me alguma coisa?


[1]: http://www.presenca.pt/livro/crime-e-castigo/