Frequentmente na morfologia definem-se, ou podem definir-se, 5 classes temáticas gerais. (É de referir que os autores como Villalva, Mattoso da Câmara, Bechara diferem ligeiramente nisto, e.g. na Gramática Derivacional do Português a 4ª e 5ª classe são ambas consideradas atemáticas.) Por exemplo:
- o (gato)
- a (gata)
- e (dente)
- ∅ (azul+∅, mar+∅) - ou seja, nomes que no singular terminam em s, r, l, n.
- atemático (avó, avô, lã, leão, táxi) - ou seja, nomes que terminam em vogal nasal ou oral acentuada; ou nomes que terminam em ditongo nasal ou oral acentuados; ou terminados em -i ou-u átonos.
Aqui podemos ver que os contrastes de gênero realizados por índice temático são triviais (e.g. gat(o/a))... Mas eu não consegui encontrar uma explicação morfológica para exemplos como:
- Orfão-Orfã
- Aqui derivados seriam Orfa-n-ato, ou Orfa-n-ar (com a dita consoante de ligação?)
ou
- Alemão-Alemã
- Aqui derivadas seriam Alema-nha ou Alemâ-n-ico.
Nesta resposta excelente, o Jacinto já tinha dado uma explicação baseada na Gramática do Português da Gulbenkian para o caso de palavras terminadas em vogal nasal.
Portanto as terminações -m do singular e -ns do plural são mera convenção ortográfica. Que aliás resultam da regra geral da nossa ortografia que dita que a vogal nasal, quando não é indicada por til (lã, leões), é indicada por m em fim de palavra e antes de b e p, e por n antes de qualquer outra consoante (incluindo s, quer este indique plural ou não): ele tem, vem; tu tens, vens.
A minha pergunta é dupla (necessário para que a pergunta seja completa):
Qual é o radical comum que nestes casos parece ter três e quatro "alomorfes" orf+(a/ ã/ ão) e alem+(a/ â/ ã/ ão)?
Como denominar estes contrastes de gênero? Parece que o contraste é fonético e não morfológico? Escrevi neste post sobre os contrastes de gênero lexicalizados/morfológicos, mas não me recordo de ter visto uma explicação clara sobre contrastes de gênero fonéticos.