Na minha experiência de nascido e criado em Portugal, é assim:
Só saltar
Saltar à corda
Li quase tudo; só saltei duas páginas; saltei uns parágrafos
Preferência por saltar
Saltei o muro; saltei o ribeiro
O cavalo saltou por cima do carro
O gato saltou do telhado
O gato saltou-me em cima (dá a ideia que me atacou)
O gato saltou-me para cima; saltou para cima de mim
O gato saltou-me para o colo; para o ombro
Tive de saltar para alcançar a corda
Preferência por pular
Pulei de alegria
Ele foi ao baile e fartou-se de pular (’dançar energicamente’)
A criança anda sempre aos pulos; não se cansa de tanto pular
Nunca ouvi saltar ou pular o almoço. Encontrei nalguns, raros, livros, e fico com a sensação que é uma adaptação do inglês to skip lunch. Se tivesse de escolher, diria saltar o almoço, mas o mais natural é mesmo dizer “hoje não almocei”.
Depois de pensar nestes exemplos todos, a minha conclusão é a seguinte. Em Portugal, saltar à corda é expressão fixa, como em saltar ao eixo ou saltar à vara. Tendemos a usar saltar para significar transpor um obstáculo ou distância. A preferência parece-me especialmente forte no caso de saltar um obstáculo — pular o muro ou pular um parágrafo soa-me estranho. O gato pulou-me para o colo ou pulou para cima do armário até me parece bem, mas é muito mais comum usar-se saltar mesmo nestes casos. E preferimos pular quando falamos simplesmente de impulsão no ar sem objetivo de locomoção.
E já agora, também é saltar quando falamos de coisas inanimadas:
Com a trepidação, saltou um parafuso que estava mal apertado
A pressão fez saltar a rolha
Saltou-me a tampa, e disse-lhe das boas (metafórico, ’perdi a paciência e explodi’)