O você em Portugal é usado como sujeito oculto pelo que tenho visto em Lisboa, Coimbra e Porto, além dos médias. Fala-se assim: "Agora que leu o termo de contrato, (você) deve assinar na linha pontilhada. Isto implica que (você) concorda com os termos no presente documento".
Outra variação é o pronome do discurso indireto "si" no lugar de você:"Esta prenda é para si", "trazemos o melhor da notícia para si". No Brasil, usa-se o "si" precedido de um verbo no imperativo: "guarde para si", "faça isto para si".
O caso do uso do você no Brasil já está impregnado a nível vicioso? o voceísmo, que é a afirmação do verbo como ato praticado pela segunda pessoa, numa construção bizarra: "você me conhece", "Agora você tem a mitigação e a quarentena vertical e você tem a horizontal, você opta pela horizontal" (você ou as pessoas tomadoras de decisão)?
"Na segurança pública, você (eu ou o agente da lei?) deve optar por soluções pacíficas, que protejam a vida humana. Você (eu?) só deve usar a força quando você (eu?) vir que estão esgotadas as possibilidades de controle não-violentas".
— Bem, aaah..., você tem que dar mais educação aaah... para o povo, aaah..., não basta você apenas aaah... você reforçar o aparelhamento de segurança pública, aaah..., porque senão você cai num aaah..., círculo vicioso aaah..., e aí, aaah..., você permanece com os problemas, você continua com eles aaah..., só que aaah... mais agravados. Você sabe, né, aaah... educação é a base de tudo...
Este uso disseminado do você, como o "a gente" em lugar da primeira pessoa do plural todas as vezes, não seria um vício de linguagem ao nível do gerundismo?
Fontes: