Os casos "dever" e "precisar" são na realidade distintos:
dever (de) + infinitivo
Originalmente o uso da preposição nesse caso denotava uma possibilidade, uma suposição ("deve de chover hoje") ao invés de uma certeza ou obrigação, como o uso sem "de" denota - mas correntemente, também em Portugal, a preposição costuma ser omitida mesmo no sentido de possibilidade. (Fonte: questão do Ciberdúvidas.)
precisar (de) + infinitivo
Ambos (com e sem a preposição) estão corretos, com "de" sendo sempre usado em pt-PT e opcional (e menos comum) em pt-BR. (Fontes e detalhes abaixo.)
Às perguntas:
- Trata-se de um regionalismo correto e aceito em qualquer situação?
Com "precisar", sim, é correto sempre - mas naturalmente pode causar estranhamento ao ponto de soar errado para quem não está habituado. No caso de "dever", deve-se omitir a preposição se o significado não for o de suposição (e, mesmo nesse último caso, pode-se omiti-lo).
- Embora idiomático e de uso corrente em certas regiões, é errado falar assim?
Com "precisar", não, não é errado - em Portugal inclusive é o padrão. Já um "dever de fazer" que indica obrigação ao invés de suposição está "errado": deve ser evitado em contextos formais.
- Os exemplos acima estão corretos?
Os dois primeiros parecem usar "dever de ter feito" com o sentido de obrigação, caso em que o "de" deveria ser omitido. Os demais exemplos estão corretos.
Mais detalhes sobre o caso precisar (de) + infinitivo:
Como coloca esse site de português para estrangeiros:
Quando um segundo verbo vier depois de precisar, não é necessário usar a preposição “de” para unir os dois verbos.
E melhor esclarecido ainda no Ciberdúvidas nessa pergunta (meu grifo):
Segundo o «Dicionário das Questões Vernáculas» de Napoleão Mendes de Almeida, «seguidos de infinitivo, precisar e necessitar vêm sem ou com de: Precisamos acabar com estes passeios - O partido liberal precisa de mover a incredulidade pública - Os libertos necessitam desmentir esses receios - O que necessitaremos de apurar é audácia.»
e, especialmente, nessa:
«Na actual norma portuguesa da língua, este verbo, quando na acepção de "ter necessidade de", pede objecto indirecto*; há, porém, bom número de abonações de autores portugueses clássicos, como Camilo e Bocage, que o empregam com transitividade directa**; na verdade, na língua, a regência deste verbo oscila entre uma coisa e outra, com peso maior para o objecto indirecto, tanto no Brasil como em Portugal, excepto quando a ele se segue outro verbo no infinitivo, caso em que, em Portugal, se usa sempre seguido de preposição (preciso de fazer, precisava de sair, precisou de se explicar), enquanto, no Brasil, tal emprego tem vindo a rarear (preciso fazer, precisava sair, precisou explicar-se).»1
O facto de um dado uso ser menos frequente não quer dizer que passe a ser classificado como uso incorrecto.
Acresce que há atestações de precisar de + infinitivo em autores brasileiros da segunda metade do século XX:
«Delfino precisava de ser prudente.» António Callado — A Madona de Cedro, 1957.
«— Eu precisava de ter uma lembrança dela»; «Este precisava de feri-lo, vingar a história dos bois.» Osman Lins — O Fiel e a Pedra, 1961.
«Ruth notou que a bata branca de Antonio mudara de cor, precisava de ser lavada.» Antonio Olinto — Sangue na Floresta, 1993.
*com recurso à preposição
**sem recurso à preposição
1 Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa, Lisboa, Tema e Debates, 2003