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Mesmo após o acordo ortográfico ainda estão mantidas diversas diferenças entre o português europeu e o brasileiro. Porém no Brasil foi feita uma grande propaganda em cima desse acordo e por diversas vezes falava-se que ele serviria para unificar os dois dialetos o que não aconteceu de fato. Então se não era esse objetivo, por que o acordo ortográfico foi feito?

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  • 1
    A ideia era tentar unificar ao máximo os dois dialetos, mas há coisas que não se podem passar por cima, como por exemplo fato que em Portugal é um terno. Então haveria confusão com fato (terno) e fato (de facto).
    – Jorge B.
    Jul 21, 2015 at 13:41
  • @JorgeB. Acho realmente complicado por esse ponto, outro exemplo é com "Bichas" que em portugal é o mesmo que "Filas" para nós, mas se falar essa palavra aqui é um chingamento. O que não entendo é por que tentar unificar os dialetos, não seria mais interessante manter eles separados para evitar esse tipo de confusão? Jul 21, 2015 at 13:47
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    @JorgeB. sim, hoje quase não temos diferença, mesmo sendo possivel perceber pela forma como o europeu e o brasileiro escrevem. Uma coisa que tenho percebido é que por vezes tenho passado a escrever mais como o europeu. Talvez por sempre ter achado o dialeto europeu mais bonito de pronunciar, mas tenho adquirido esse costume inconsientemente desde a SO-pt e agora nessa nova exchange. Jul 21, 2015 at 14:04
  • 1
    @RodrigoBorth eu sou suspeito para falar mas concordo inteiramente contigo :)
    – Jorge B.
    Jul 21, 2015 at 14:07
  • 2
    Grande pergunta e mais que nada eu acho interessante descobrir os acordos políticos que motivaram a decisão. Não o press-release oficial onde tudo são flores e luzes.
    – brasofilo
    Jul 21, 2015 at 14:15

2 Answers 2

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O texto integral do acordo ortográfico de 1990, ao qual estamos nos referindo aqui, está disponível na Internet. O anexo II desse documento explica que a razão para introduzi-lo foi justamente reduzir as diferenças ortográficas entre as variantes brasileira e europeia da língua, e explica individualmente os motivos por trás de cada uma das mudanças introduzidas.

Eu pessoalmente não consigo entender os motivos dados para a maior parte das mudanças propostas, visto que as maiores diferenças entre os dialetos, mesmo aquelas que transparecem na escrita, advêm de escolhas de vocabulário e gramaticais, e não de escolhas ortográficas. As reformas de acentuação são particularmente estranhas; não vejo qual o problema em se escrever "gôsto" (substantivo) para diferenciá-lo de "gosto" (verbo).

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Na verdade, a intenção do acordo ortográfico não foi unir os dois dialetos, até porque isso seria (é) impossível.
A real intenção do acordo ortográfico foi fazer com os dois dialetos ficassem mais parecidos e sem tanta inconsistência (na ortografia) e, também, aumentar o prestígio social da língua no cenário internacional.

Se pararmos pra analisar, quem escreve ou lê inglês britânico consegue entender muito bem o inglês americano, já que são pouquíssimas as diferenças na ortografia. O nosso português (brasileiro) era tão diferente do europeu que era muito difícil conseguirmos ler algo que fosse escrito por um português e vice-versa.
Não tenho plena certeza de que agora está mais fácil já que eu só comecei a interagir com pessoas de Portugal depois do acordo, mas nós podemos ver no SOpt (como disse o Jorge B. nos comentários) que é bem tranquilo nós entendermos os portugueses e vice-versa.

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    Tem certeza que as ortografias eram tão diferentes assim? Elas me parecem estar no mesmo patamar das diferenças do inglês britânico e americano (ou seja, uma palavra diferente aqui e outra acolá). Alguns acentos em éi, éu, ôo, êe não me parecem ser de tão grande importância para reimprimir livros e dificultar a vida dos estudantes. Poderiam pelo menos ter consertado a berin[jg]ela: portuguese.stackexchange.com/questions/675/…
    – marcus
    Jan 28, 2016 at 19:59
  • 1
    Também não concordo de jeito nenhum que acentos em duplas de letras de palavras que contenham: -éi; -ói; -ôo e -êe causem tanto alvoroço na reimpressão de livros, jornais ou revistas, quer sejam as pessoas estudantes ou não. A prova disso é que minha prima emprestou-me um livro de versão escolar e eu parei no meio do caminho pois além de ter falta de concentração, encontrei a palavra "paranóia" ou "paranóico" —não me lembro—(mas escrita segundo este Acordo) e nem terminei de lê-lo, de tanta raiva. Quanto à berinjela, não sei o que dizer. Nov 9, 2016 at 15:02
  • A sua comparação com a língua inglesa é completamente inválida. O inglês britânico e o americano são inteligíveis justamente porque nunca houve (e tomara que nunca haja) uma reforma ortográfica na língua inglesa, exceto, talvez, a tentativa de Webster nos EUA, que introduziu variantes como "center" para "centre", "color" para "colour" e outras bobagens. A ortografia inglesa congelou no tempo e a evidência está na fonética, que não tem quase relação nenhuma com a escrita desde o período elizabetano. Se os falantes do português parassem de bagunçar na ortografia, seria muito melhor para todos.
    – Apollo
    Jun 19, 2021 at 12:19
  • @Apollo Em qual momento eu falei que o motivo da semelhança entre a língua inglesa se deu por uma reforma ortográfica?
    – Jéf Bueno
    Jun 21, 2021 at 20:46
  • @JéfBueno Eu não disse que você disse que a língua inglesa foi reformada em nenhum momento. Na sua resposta vc faz um paralelo entre o inglês e o português, argumentando que o português criou ramificações ortográficas (e sugerindo indiretamente, suponho, que isso não ocorreu no inglês). Eu estou dizendo que essa comparação não funciona porque o português sofre de repetidas tentativas de reforma, o que não ocorre na língua inglesa. (Provavelmente as ramificações do português se manteriam perfeitamente inteligíveis se ninguém tentasse reformá-las.) Os dois casos são incompatíveis.
    – Apollo
    Jul 9, 2021 at 15:10

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