É sabido que o português europeu tem uma preferência pela ênclise em frases “simples” como ela ajuda-me, mas prefere a próclise quando no início da frase há uma de várias palavrinhas a que vi algures chamarem “palavras atrativas”: ela não me ajuda, ela também me ajuda, etc. Na minha resposta a esta pergunta eu listei que como uma dessas palavrinhas que pede a próclise. E parece que tanto faz que ser pronome relativo (a) ou conjunção (b):
(a) Isso é um assunto em que ela te ajuda
(b) O João diz que ela te ajuda
Mas eu e, creio, a maioria do pessoal em Portugal dizemos:
(c) Fala com a Joana, que ela ajuda-te
Que é que se passa aqui? As orações em itálico começam todas com (em) que e empregam as mesmas palavras na mesma ordem, com a exceção de o te saltar de lugar. Há alguma explicação para este salto?
Eu sei que a conjunção que tem significados diferentes em (b) e (c). Mas isso é relevante?
A Gramática do Português da Gulbenkian (Lisboa, 2013) diz que ao longo da história a próclise sempre foi obrigatória em orações subordinadas (tomo I, p. 36). Mas (c) é oração subordinada, ou não?
Eu sei que a conjunção que tem significados diferentes em (b) e (c). Mas isso é relevante? A única outra diferença que eu vejo é que em (c) o que é precedido de vírgula, ou uma ligeira pausa na fala. Mas essa pausa também acontece em
(d) Querido filho, que Deus te ajude
e lá temos de novo a próclise!