A palavra chor, derivada do latim "florem", é um cognato e sinônimo de "flor" que, diferente desta, teria sofrido em sua evolução a alteração fonética que transformou os "fl-, pl-, cl-" do latim em "ch-" (como "afflare > achar", "planum > chão", "clamare > chamar', etc).
Segundo o Wikcionario anglófono, a palavra *chor na língua Galego-Portuguesa é uma reconstrução, ou seja, ela não é atestada em escritos antigos, e se trata de uma palavra hipotética. Por outro lado, a palavra "flor" é atestada em vários textos antiquíssimos da língua, como nas Cantigas de escárnio e maldizer e nas Cantigas de Santa Maria. Outra forma, "fror", também era comum.
Já no Português moderno, o Wikcionário lusófono e o Aulete dizem que "chor" é um termo dialetal transmontano e um arcaísmo, respectivamente. E no Galego moderno, o Dicionario da Real Academia Galega diz que é uma alternativa para "flor".
Há algumas flores que usam o radical chor e que poderiam ser derivadas desta:
- A "chorima", ou "chorida", tal como chamada na Galiza (e talvez no norte de Portugal) as flores do tojo. A chorima é, inclusive, a flor nacional da Galiza.
- O "chorão-das-praias".
Há também uma árvore (e não uma flor) chamada Salgueiro-chorão, mas que cujas folhas caídas como se as tivessem chorando a fizeram ser derivada do verbo "chorar" e não do substantivo "chor". Compare com o francês "saule pleureur" (literalmente "salgueiro chorador"), na qual o verbo latino "plorare" manteve o "pl-" inicial; com os outros cognatos nas línguas românicas (como o espanhol "sauce llorón"); ou com o inglês "weeping willow", que tem a mesma tradução literal.
Primeiramente, por que esta palavra é reconstruída no português antigo? Quero dizer, há algum motivo para não encontrarmo-la no corpus medieval do Português, mas encontrarmos porém as palavras "flor, fror, frol" (que eram basicamente diferentes realizações da mesma palavra "flor", já que a variação /l~r/ ocorria naquela época)?
Esta palavra realmente existe atualmente na língua? Isto é, ela é usada, mesmo que dialetalmente (em Trás-os-Montes, tal como proposto pelo dicionário)? Ou se trata de uma palavra arcaica? Se for uma palavra arcaica, quando ela foi usada e atestada até entrar em desuso, já que ela não é atestada nos textos medievais?