No seguimento desta questão, como conjugaríamos pronominalmente um verbo+se+o/a/os/as?
Por exemplo, vê-se-o ou vê-se-lo?
No seguimento desta questão, como conjugaríamos pronominalmente um verbo+se+o/a/os/as?
Por exemplo, vê-se-o ou vê-se-lo?
A forma possível é vê-se-o. Não acabando se em s, z, ou r, não se usará a forma lo.
No entanto, a combinação se + acusativo não é aceita na língua padrão. É considerada dialetal. Diz Ana Maria Martirns no cap. 42 da Gramática do Português editada pela Gulbenkian (pág. 2235):
Não é [...] permitida a formação de um grupo clítico constituído por se + acusativo, como mostra a impossibilidade de frases como: *pinta-se-a de azul, *ouve-se-os gritar o tempo todo, *cura-se-te banhos de mar, *penteia-se-te com tranças, *engana-se-vos facilmente [nota de rodapé: Existem, no entanto, dialetos portugueses (merdidionais e insulares) que permitem que se combinem num grupo clítico se e um pronome acusativo da terceira pessoa. Os exemplos a seguir apontados foram extraídos do _Corpus Dialectal para o Estudo da Sintaxe (CORDIAL-SIN):
- Em sendo para a latada, deixa-se-a crescer (Porto Santo, Madeira)
- Pode-se-a guardar na 'freeze' e comer daqui a dois ou três meses (Santo Espírito, Santa Maria, Açores)
- Abre-se-o de um metro de fundura e um metro de largura (Alcochete, Setúbal)
- Mas carregava-se-o aí às vezes também nos carros de bestas e em coisas. (Melides, Setúbal). ]
Repara que em todos estes exemplos podemos considerar estar perante o se nominativo (construção impessoal). Não vamos encontrar um se anticausativo (como em o barco virou-se), porque aí o verbo perde a transitividade. E geralmente não é difícil encontrar alternativas à combinação se impessoal + acusativo:
Uma vez que o pronome não é precedido de consoante, não há motivo nenhum para haver um "l". Portanto: vê-se-o.