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Vejo muito o uso do hífen ou até ligação, no entanto não sei em que situações do novo acordo ortográfico mudou.

Quando devo usar o hífen para ligar duas palavras e quando devo junta-las?

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Como regra, com o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa de 1990 (AO), as palavras com prefixos levam hífen, se as letras forem iguais, como "anti-infecioso" ou "anti-infeccioso", e não se separa o prefixo se as letras forem diferentes, como em "antimatéria". Na nova grafia, se o prefixo terminar em vogal e o elemento da composição que lhe segue começar por <r> ou <s>, a consoante deverá ser dobrada, como em "minissaia", em vez de "mini-saia", na grafia pré-acordo.

A hifenização é tratada com alguma extensão no AO, ocupando três das suas bases, a XV, XVI e XVII. Transcrevo parcialmente os Critérios de aplicação do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa (1990), na parte relevante:

Palavras com prefixos e radicais de composição

Os prefixos e radicais de composição (elementos não autónomos como mini- ou agro-) não são por princípio geral separados por meio de hífen das palavras a que se juntam: antirrevolucionário, megaconcerto, minissaia, socioeconómico, ultraligeiro.

O hífen é usado após estes elementos quando:

  • a palavra a que se juntam começa pela letra <h>, exceto no caso de palavras formadas com prefixos átonos como des-, in- e re- que já se justapunham, antes da aplicação do AO, sem hífen: anti-histamínico, contra-harmónico, (...) (mas desumano, (...));
  • a letra com que terminam é a mesma com que se inicia a palavra a que se juntam, exceto no caso de prefixos como co-, pre- e pro-, prefixos átonos, que já se justapunham, antes da aplicação do AO, sem hífen: arqui-inimigo, micro-ondas, mas cooperação, preencher;
  • terminam por <n> ou <m> e palavra a que se juntam começa com uma dessas consoantes ou com vogal: circum-adjacência, pan-nacional;
  • terminam por <b> ou <d> e a sua aglutinação provoque uma leitura que não reflita a pronúncia da palavra: ad-rogar, sub-regulamentar;
  • são sota-, soto-, vice-, vizo-, grão-, grã- ou ex- (com sentido de anterioridade): vice-presidente, (...);
  • são acentuados graficamente: pré-reforma, pós-verbal;
  • a palavra a que se juntam é um estrangeirismo, um nome próprio ou uma sigla: anti-apartheid, anti-Europa, mini-GPS.

Locuções

As locuções substantivas escrevem-se por princípio geral sem hífen (mantendo separados por espaço os seus elementos). (...): dia a dia, cor de vinho, fim de semana. (...) Por lhes ser feita referência explícita no texto do AO, são registadas no VOP [Vocabulário Ortográfico do Português] com hífen as seguintes exceções: arco-da-velha, água-de-colónia, cor-de-rosa, mais-que-perfeito e pé-de-meia. Para todas elas o VOP assume como também aceitáveis variantes (não preferenciais) sem hífen.

Constituem exceção à regra geral, sendo os seus elementos sempre unidos por hífen, os nomes que designem espécies zoológicas e botânicas: bico-de-papagaio (flor), (...), mas bico de papagaio (espondilose), (...).

Verbo haver seguido de preposição de

Elimina-se a ligação por meio de hífen das formas monossilábicas do verbo haver à preposição de: hei de, hás de, há de, hão de.

--

Portal da Língua Portuguesa: http://www.portaldalinguaportuguesa.org

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Estuando sobre o assunto li no livro de Almeida(2009) uma explicação excelente e fiz um pequeno resumo para acrescentar mais uma resposta a essa questão.

Os caso de emprego do hífen são:

a) usa-se hífen na maioria dos substantivos e adjetivos compostos cujos elementos têm acentuação própria e formam uma unidade significativa: guarda-civil, conta-gotas etc;

b) nos compostos designativos de espécies botânicas ou zoológicas: couve-flor, erva-doce, beija-flor, tico-tico, joão-de-barro etc;

c) nas onomatopeias que reproduzem sons repetidos: zum-zum, zigue-zague, tim-tim, cri-cri etc;

d) nos topônimos compostos iniciados pelos adjetivos grã, grão ou forma verbal, ou cujos elementos estejam ligados por artigo: Grã-Bretânia, Grão-Pará, Passa-Quatro etc;

e) nas palavras formadas pelos sufixos -açu, -guaçu ou mirim, desde que o primeiro elemento termine com vogal acentuada graficamente ou nasalizada: araçá-guaçu, tamanduá-mirim, jacaré-mirim etc;

f) palavras formadas com advérbios mal e bem quando esses elementos formam uma unidade sintagmática com significado e o segundo começa por vogal ou h: bem-amado, bem-estar, bem-humorado, mal-alinhado etc;

g) nas palavras formadas com os prefixos além-, aquém-, recém- e sem-: além-mar, aquém-fronteira, recém-formado, sem-teto etc.

h) nas palavras com prefixos ex-, soto-, sota-, vice- e vizo-: ex-diretor, sota-capitão, vice-diretor, soto-mestre etc;

i) nas palavras formadas com os prefixos circum- e pan-, desde que o segundo elemento comece com vogal, m ou n: circum-adjacente, circum-navegação, pan-americano etc.

j) nas palavras formadas com os prefixos inter-, hiper- e super-, desde que seguidos de palavras iniciadas por h ou r: inter-helênico, hiper-hidrose, hiper-humano, super-homem etc;

k) nas palavras formadas com prefixos tônicos pré-, pró- e pós seguidos de palavras de vida autônomas na língua: pré-escolar, pré-natal, pós-graduação, pró-educação etc;

l) nas palavras formadas com prefixo sub- diante de palavras indicadas com b, r ou h: sub-base, sub-região, sub-hidroclorato etc.

m) nas palavras em que os prefixos ou pseudoprefixos antecedem palavras iniciadas com h ou com letra idêntica à que encerra esses elementos: ante-histórico, anti-horário, mini-hotel, infra-assinado, extra-abdominal, tele-educação, eletro-ótica etc.

Não se emprega o hífen

a) nas palavras em que o prefixo ou falso prefixo termina com vogal e o segundo elemento começa com s ou r, casos em que essas consoantes devem se duplicar: antessala, antessépalo, antessentir, antirreumático etc;

b) nas palavras em que o prefixo ou falso prefixo termina com vogal e o segundo elemento começa com letra diferente: aerobalística, aerobarco, antediluviano, radiotáxi etc;

c) nas palavras formadas pelos prefixo co- e re-, mesmo que diante de palavras iniciadas, respectivamente, por o e e: cooperar, cooperação, reembolsar, reeducar etc.

Fonte: ALMEIDA, Nilson Teixeira de. Gramática da Língua Portuguesa. 9 ed. São Paulo: Saraiva, 2009

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  • Deinis, não ficou claro para mim se estas regras estão de acordo com o atual acordo ortográfico ou dizem respeito à grafia anterior. Acho que valia a pena clarificar. O hífen foi sempre das coisas mais complicadas para mim.
    – Jacinto
    Mar 29, 2016 at 10:51
  • Estão de acordo com o atual acordo ortográfico. Mar 30, 2016 at 1:05

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