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Porque é que são permitidas, no Brasil, palavras como leiaute se poderíamos perfeitamente usar o estrangeirismo layout?

Afinal, escrever leiaute, é escrever como se lê layout.

Existem mais algumas palavras assim como skatista, eslaide, se alguém puder comente com mais palavras do género, por favor.

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  • 1
    Nunca vi essa forma ortográfica no Brasil e nem em Portugal. Se alguém encontrou a palavra "leiouti", devem ter sido casos isolados. Transliteração é uma coisa, escrever errado é outra. Muita gente escreve errado no Brasil.
    – Centaurus
    Aug 7, 2015 at 17:15
  • @Centaurus dicio.com.br/leiaute
    – Jorge B.
    Aug 10, 2015 at 8:39
  • @JorgeB. É verdade. Nunca havia visto essa forma aportuguesada.
    – Centaurus
    Aug 10, 2015 at 13:41
  • Isso se usa porque o pessoal não sabe que layout é diagramação e que a palavra é mais comprida: pt.wikipedia.org/wiki/Diagrama%C3%A7%C3%A3o
    – Lambie
    Apr 28, 2016 at 18:21
  • 1
    @Lambie diagramação não é layout. Pelo menos não encontrei ligação na minha pesquisa.
    – Jorge B.
    Apr 28, 2016 at 18:34

4 Answers 4

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Geralmente (mas não necessariamente sempre) quando palavras em inglês são transliteradas para o português, a intenção é facilitar a compreensão de quem pode não saber a pronúncia de palavras em inglês, podendo ler, por exemplo, "layout" como "laiouti". E a pessoa pode ter ouvido falar nisso mas não lido, e para ela continuar sabendo o que é, mesmo não sabendo a pronúncia correta da palavra, usa-se a transliteração.

Eu já vi uma vez em um gibi da Turma da Mônica em que foi usado "esqueite", e eu que era criança na época, achei bizarra essa transliteração.

Outra situação onde isso é visto, são em traduções para o português feitas de forma muito literal, preservando os termos em inglês, mas transliterando-os.

Mas são muito pouco usadas essas transliterações.

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  • Eu li a mesma edição, eu lembro de ter lido "esqueite". Eu fiquei dois minutos tentando entender se aquilo estava certo. Jul 17, 2015 at 18:56
  • 1
    Espero que não vire moda, pra mim é uma aberração.
    – Jorge B.
    Jul 17, 2015 at 18:59
  • 1
    A intenção foi facilitar e acabou piorando mais ainda. Eu lembro que eu fiquei "ahn? Esqueite? Por que não usar skate?" As crianças sabem o que é skate, não precisa disso.
    – Yuuza
    Jul 17, 2015 at 19:10
  • Isso é visto por muita gente como desnecessário, mas ainda assim tem gente que vê uma necessidade pra isso.
    – Yuuza
    Jul 17, 2015 at 19:12
  • 1
    @BrunoLopes O melhor era instruir as pessoas a saberem falar inglês e não destruír o português.
    – Jorge B.
    Jul 17, 2015 at 19:42
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Não creio que seja questão de ser "permitido". A língua não pede permissão pra ninguém e chega ao ponto que obriga o dicionário a incorporar certa palavra.

E o Brasilsão abusa tanto, mas tanto:

Como é que se diz pleigraunde * em Inglês? Fun floor, ora bolas!

* Playground

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  • 1
    Inclusive dizem que o Verbo é uma entidade viva e aparte e que não somos nós que dominamos a Língua, ao contrário :)
    – brasofilo
    Jul 19, 2015 at 18:11
  • 2
    Não posso acreditar no que estou a ver...
    – Jorge B.
    Jul 20, 2015 at 8:02
  • 1
    Não entendi @brasofilo
    – Jorge B.
    Jul 20, 2015 at 11:05
  • 1
    @JorgeB., antes de mais nada, é um clássico que deviam colocar pra gente na escolinha :) O que me refiro é a parte onde o Vinícius analisa o caráter português, comparando com a gravata. É mais bem um disco pra uma manhã de domingo.
    – brasofilo
    Jul 20, 2015 at 11:15
  • 1
    Fiz uma resposta citando essa faixa, acho que o que o Vinicius diz é fundamental no estudo dos caracteres PT e BR: Por que o idioma português Portugal não aceita palavras estrangeiras?
    – brasofilo
    Jul 22, 2015 at 13:45
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Acho que não há uma (só) lógica. Algumas palavras são aportuguesadas (futebol, leiaute, pênalti, deletar, locaute, blecaute), outras continuam como estrangeirismos (skate, slide, loop, footing, playground, software), outras ainda são rejeitadas por desnecessárias (centeraufo, hostel - pelo menos no Brasil), outras são adotadas temporariamente e depois descartadas em prol de algum neologismo ou outro empréstimo (corner/córner, substituída por escanteio, back/beque, por zagueiro). E às vezes o aportuguesamento respeita a forma falada, como leiaute, e outras a forma escrita, como rúgbi. E há as que são adotadas mas passam a designar algo diferente, como o caso de "motel", originalmente "hotel barato, de beira de estrada", que, não sei bem por quê, virou "hotel para encontros sexuais".

Me parece que verbos tenderão a ser aportuguesados mais rapidamente, por causa da conjugação (delete não pode continuar "delete" por que precisamos de deleto, deletei, deletáveis, deletaríamos - a não ser que seja substantivado, dá um delete aí).

E com certeza as palavras que são aportuguesadas respeitando a forma escrita são empréstimos literários; aquelas que são aportuguesadas respeitando a forma falada são empréstimos orais, falados antes de serem escritos.

Ainda parece que há dinâmicas diferentes no Brasil e em Portugal. Por quê diabos "o idioma português Portugal não aceita palavras estrangeiras" e aí me aceita substituir o bom, velho e castiço português "albergue" por hostel, enquanto a casa da mãe Joana que é o Brasil, onde tudo se importa sem que ninguém se importe, rejeita semelhante absurdo e segue firme com albergue, pousada, abrigo? Mistério... pelo menos para mim.

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  • Gostei muito da tua resposta, dá que pensar. Mas porque usar deletar quando já existia apagar que é a tradução livre de delete? É meio estranho, só isso...
    – Jorge B.
    Aug 15, 2016 at 20:09
  • @JorgeB. - Obrigado. Talvez por modismo, ou talvez para marcar a diferença entre "apagar" algo que está realmente escrito, preto no branco, tinta no papel, e "deletar" algo que só tem existência virtual? Não sei, e não sei por que uma coisa ocorre no Brasil e outra em Portugal. Aug 15, 2016 at 20:25
  • A do hostel é certamente por ser mais cool, é a moda aqui. Se calhar é mesmo só isso, uma moda. Eu quando fiz esta pergunta era mais conservador no português, agora já sou um bocadinho menos, porque a verdade é que quem faz a língua são as pessoas.
    – Jorge B.
    Aug 15, 2016 at 20:30
  • 1
    @JorgeB. - Não sei, talvez os portugueses vejam alguma diferença, para eles importante, entre "hostel" e albergue/pousada/hospedaria, que os brasileiros não vêem... Talvez coisa de um país com mais turistas, onde é importante demarcar "espelunca pseudo-sofisticada para uso de otários estrangeiros" de "espelunca sem pretensões, para uso dos nacionais, que sabem que estão a ser tungados"? Aug 15, 2016 at 20:35
  • Talvez seja mesmo isso...
    – Jorge B.
    Aug 15, 2016 at 20:36
2

Porque existe uma imensidão de estrangeirismos na lingua portuguesa e sem aportuguesamentos seria um pesadelo decorar a grafia de todos eles, um bocado à semelhança do que acontece no inglês.

Por exemplo, a maioria das pessoas não iria saber como ler yacht.

1
  • Excelente perspetiva essa, tive de ir ver o que é "yacht".
    – Jorge B.
    Aug 10, 2017 at 8:22

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