Habitualmente eu não tenho grandes dúvidas sobre quando é que devo utilizar uma das palavras “gente”, “povo” ou “pessoal”. Eu sou muito de usar “a gente” com o significado de “nós” mas aí não tem jeito de errar. Minha pergunta tem a ver com as conotações políticas e sociais.
No espanhol da Argentina existe o costume de diferenciar políticamente entre pueblo e gente. O primeiro soa mais formal, mais tradicional e também mais relacionado ao discurso conservador ou, alternativamente, ao discurso da esquerda política. O segundo é mais descontraído e tem ficado associado ao discurso liberal ou populista moderno, que tenta se aproximar às pessoas como indivíduos. Eu queria saber se “povo” e “gente” têm conotações parecidas na política lusoparlante.
Eu tenho ouvido falar em português de “o povo” com o significado de “as pessoas simples”, “as massas”, quase com o sentido de “a plebe”. É isso aceitável no discurso público?
Finalmente, já que “a gente” não pode ser usado com o significado de “as pessoas” (como em espanhol la gente), como é que o conjunto das pessoas é chamado? Eu tenho essa dúvida porque tenho a sensação de que “pessoal” só pode ser usado informalmente e só para se referir a um grupo de pessoas presentes (física ou figurativamente) perto do falante. Estou errado?