Decidi colocar uns trechos de este estudo:
De gente para a gente: o século XIX como fase de transição
por
Célia Regina dos Santos Lopes/Universidade Federal do Rio de Janeiro
Aqui 1
Segundo este ótimo estudo, não é nada novo:
[...]
"2. Da cronologia de (a) gente em tempo real de longa duração
Com a quantificação da cronologia de (a) gente em tempo real de longa
duração, percebeu-se, na análise dos resultados, que o processo de pronominalização do substantivo gente foi lento e gradual, uma vez que só foram localizadas ocorrências de a gente como pronome no século XVIII. Antes disso, há exemplos esporádicos em que a forma a gente apresenta ambigüidade interpretativa, ou seja, tanto pode ser considerada sinônimo de “pessoas” quanto variante de nós.
Século XIII:
“O jograr por tod' aquesto | non deu ren, mas violou
como x´ ante violava, | e a candea pousou
outra vez ena vyola;| mas o monge lla cuidou
fillar, mas disse-ll' a gente: | "Esto vos non sofreremos."
A virgem Santa Maria... (p. 27 V. I, CSM, Século XIII)"
[...]"Tais ocorrências, escassas no português arcaico, começam a se tornar freqüentes a partir do século XVI. Localizou-se apenas um (01) exemplo no XIII, entretanto, a partir do século XVI a incidência de exemplos dessa natureza torna-se mais
significativa. Identificaram-se 2 casos de interpretação ambígua no XVI, 2 no XVII, 9 no XVIII e 36 no XIX."
[...] Figura4.5:Percurso histórico de gente (substantivo) > a gente (pronome)
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A coisa começa ficar quente a partir du século XVIII!
"Como foi observado, é no século XIX que a gramaticalização de a gente começa
a se delinear com maior clareza. Ao contrário do período anterior (séculos XVII-XVIII) o número de dados da forma pronominal é mais significativo"