Em Portugal o o átono é normalmente pronunciado /u/, não só no fim de palavra como acontece também no Brasil e em África, mas também noutras posições. Por exemplo poroso é pronunciado /pu’ɾozu/, e fonológico é /funu’lɔʒiku/. No entanto isto parece nunca acontecer quando o o é a primeira letra da palavra, onde o o é aberto mesmo quando átono. Comparemos (links à Infopédia com transcrição fonética e ao Forvo com reprodução audio):
(o) coração e oração—/kuɾɐ’sɐ̃w/ mas /ɔɾɐ’sɐ̃w/
provação e ovação—/pɾuvɐ’sɐ̃w/ mas /ɔvɐ’sɐ̃w/
cobrar e obrar—[/ku’bɾaɾ/] mas /ɔ’bɾaɾ/
rodeio e odeio—/ɾu’dɐju/ mas /ɔ’dɐju/ ou /o’dɐju/
Já agora, para tentar ser completo, creio que no Brasil os oo assinalados são sempre fechados (/o/); enquanto em África, segundo o modelo experimental do Portal da Língua Portuguesa é /o/ como no Brasil quando antecedido de consoante, (coração, etc.), mas tende a ser aberto como em Portugal quando começa a palavra.
Já no exemplo seguinte, com duas palavras com a mesma raiz, parece que um fenómeno semelhante acontece também no Brasil, o que provavelmente tem que ver só com a pronúncia de dois oo seguidos:
cooperação e operação— B /kwupeɾɐ’sɐ̃w/, P /kwupɨɾɐ’sɐ̃w/ mas B /opeɾɐ’sɐ̃w/, P /ɔpɨɾɐ’sɐ̃w/
Isto em Portugal será assim só porque é, um mero acidente na evolução da língua, ou há alguma explicação fonológica para o o em início da palavra resistir à redução em /u/ que acontece quando antecedido de consoante?