Se alguma pessoa ou coisa não tem importância ou qualidade, dizemos que é de meia-tigela. A expressão parece estar em uso em todo o mundo lusófono: temos “políticos de meia tigela” em Angola (se fosse só lá!); um autodenominado Poeta de Meia-Tigela no Brasil; um “escrevinhador de meia-tigela" em Cabo Verde; “jornalistas de meia-tigela” em Moçambique; “feministas de meia-tigela” em Portugal (isto começa a ficar deprimente); oh não! e mais um “político de meia-tigela” em São Tomé e Príncipe.
Agora, o que eu quero saber é donde é que isto vem. Encontram-se milhentos sites com explicações; uso documentado ou fontes é que não. Em quase todo o lado se diz que isto vem da fidalguia ou casa real portuguesas. O Brasil Escola tem uma explicação muito elaborada, segundo a qual se chamaria no Portugal medieval fidalgos de meia-tigela aos filhos segundos que não herdavam terras nem participavam num banquete ritual onde se quebrava a loiça. No Globo.com diz-se que se chamava meia-tigela a funcionares menores da corte, que, de acordo com o “Livro da Cozinha del Rei”, recebiam uma ração inferior. No Significados encontra-se uma explicação diferente, que meia-tigela tinha a ver com os escravos que recebia menos comida se trabalhassem menos. O problema é que ninguém explica como é que sabe isto.
Então o que eu procuro é uma explicação da origem, completa ou não, mas devidamente documentada. Nomeadamente, gostaria de saber quais são, e de quando são, os exemplos mais antigos desta expressão. Aí ficaremos a saber se é fidalgo, criado ou escravo de meia-tijela. E gostaria também de saber quando é que se começa a ver a expressão usada fora do contexto original, isto é aplicada a outras personagens, como jornalistas ou políticos.
banquete ritual onde se quebrava a loiça
... será que é daqui que vem a expressão «partir a louça toda»??