Aqui há uns tempos pus-me a traduzir por brincadeira um epigrama em versos decassílabos dum conto do Kipling, e deixei uns versos pendurados por causa da métrica.
Eu quero que cada verso tenha dez sílabas métricas, e as minhas dúvidas estão nos versos abaixo. O (c) é só uma alternativa ao (b). Cada um dos trechos a negrito são uma ou duas sílabas? Ou existe alguma flexibilidade, e podem ser uma ou duas conforme a conveniência?
(a) Vi o ocaso antes de os outros verem dia,
(b) Eu que sei a mais do que devia ignorar.(c) Sábio a mais no que devia ignorar.
Deixo aqui as minhas reflexões. Em (a) eu acho que praticamente pronuncio o vio o o como um tritongo /viwɔ/. Mas isto é uma, duas sílabas, ou há flexibilidade?
Em (b), se fosse via seguida de consonante, creio que a norma é contarem-se duas sílabas. Mas com via ig eu não pronuncio o a, e aquilo fica simplesmente um i arrastado ou talvez dois ii separados por um hiato quase impercetível. Novamente é uma ou duas sílabas?
No (c) inclino-me mais para o bio a ser só uma sílaba. Mas digam de vossa justiça.
Se quiserem ver, o original está aqui. E se quiserem ver como é que o Camões fazia, têm aqui Os Lusíadas que é todo em versos decassílabos.
A Fé, o Im pé rio.e.as ter ras vi cio (sas)
.Vi.o.o ca so an tes de.os ou tros ve rem (dia)
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