Não há nada de especial em se-me, se-te, etc.; a combinação de se com outro clítico ocorre sempre que se verifiquem simultaneamente as condições para cada um dos clíticos surgir (apenas restrito pelo facto de algumas combinações de clíticos serem impossíveis, como se-se, ou marginais/dialetais, como se-o).
O clítico -se pode ser reflexo, recíproco, ergativo, inerente, apassivador, indeterminador ou apenas enfático, e da mesma forma o pronome dativo (me/te/lhe/nos/vos/lhes) pode ter a função de objeto indireto ou ser não argumental (dativo ético, etc.). Assim, a combinação dos dois acaba sendo relativamente comum (o CETEMPúblico tem 2673 entradas para [lema=".+\+se\+.+"]
). Alguns exemplos:
par=ext10362-soc-94b-2: Os olhos enchem-se-lhe de lágrimas.
par=ext22184-opi-98b-1: Aplica-se-lhe prisão perpétua?
par=ext42294-clt-92b-1: Na verdade, Max Headroom escapou-se-lhes.
par=ext871530-pol-95b-2: Pediram-lhe autógrafos, falaram com ele, queixaram-se-lhe das baixas pensões e uma militante de mais idade confessou agarrar-se à fé para lhe garantir a vitória.
Em relação à segunda pergunta: sim, é possível encontrar se lhe se a construção em causa admitir a próclise:
par=ext30207-nd-95b-2: Na Constituição de 1989 não se lhe faz a mínima referência.
par=ext690456-clt-95a-2: Mais uma razão para que a voz se lhe não perca em becos sem futuro.