Celso Cunha e Lindley Cintra na sua Nova Gramática do Português Contemporâneo (Lisboa, 1984, p. 365-6) dão-te alguma razão:
Quando no sujeito composto há um da 1.ª pessoa do singular (eu), é boa norma de civilidade colocá-lo em último lugar:
Carlos, Augusto e eu fomos promovidos.
Se, porém, o que se declara contém algo de desagradável ou importa responsabilidade, por ele devemos iniciar a série:
Eu, Carlos e Augusto fomos os culpados do acidente.
Digo apenas alguma razão, porque a posição do eu deve depender segundo eles de o que se tem a dizer ser agradável ou não. Mas mais importante, os autores recomendam isto como uma «norma de civilidade»; do ponto de vista gramatical, ambas as ordenações são igualmente corretas, e na minha experiência é até mais comum começar com o eu.
Uma busca no Google Books parece confirmar que não é só na minha experiência. Isto parece ser independente de o nome ser ou não precedido de artigo. Excluí nomes compostos (João Luís, Pedro Miguel, etc. do eu e [nome]).
Resultados da Busca no Google Books
eu e [nome] [nome] e eu
a Beatriz 17 3
a Raquel 17 3
a Sofia 24 6
Sofia 26 9
o João 36 11
João 12 7
o Matheus 7 4
o Pedro 36 10
É possível no entanto que tivesse havido entre alguns autores clássicos uma preferência pelo eu no fim. Numa vista de olhos por este Corpus do Português encontrei vários [nome] e eu na obras de Machado de Assis (1839-1908 e Eça de Queiroz (1845-1900), mas nenhuns eu e [nome]. Já Júlio Dinis (1839-71) põe o eu no princípio em várias ocasiões.
E até se encontram as duas construções na mesma obra, como nesta canção de Pedro Abrunhosa, com a letra completa aqui (ênfase minha):
Há bombas em Belfast e em Beirute
É preciso afinar o azimute
E eu e tu o que é que temos que fazer? Talvez […]
E tu e eu o que é que temos que fazer? Talvez […]