Fui ver a ocorrências destas palavras no Corpus do Português. Apresento os números abaixo (os números incluem os plurais). Acróbata, vem em alguns dicionários, mas não aparece no Corpus, nem em Portugal nem no Brasil. Projetil só se usa no Brasil, e mesmo aí projétil é mais usado. Depois, basicamente o Brasil usa transistor e Portugal transístor. Fiquei surpreendido com as dez ocorrências de transitor em Portugal, porque nunca ouvi a palavra pronunciada assim.
acróbata/acrobata projé(c)til/proje(c)til transístor/transitor
Brasil 0 / 71 70 / 32 1 / 44
Portugal 0 / 15 61 / 0 35 / 10
Quando à razão da existência de duas formas, penso que se poderá passar o seguinte. Estas três palavras têm algumas coisas em comum: são de origem estrangeira e são relativamente recentes no português. Ênfase no relativamente. Segundo o dicionário Houaiss, acrobata é conhecido desde 1783; projétil/projetil, desde 1789; e transístor/transitor, desde 1948 (a coisa foi inventada em 1947).
Ora quando se importa uma palavra estrangeira, esta tem de ser adaptada ao português, e parece-me natural que uns a adaptem de uma maneira, e outros, de outra. Por exemplo, há o caso da palavra performance, que também é relativamente recente e ainda aparece nos dicionários como palavra estrangeira. Eu lembro-me de no fim dos anos oitenta e anos noventa ouvir algumas pessoas, creio que a maioria, pôr a tónica no for e outros no man. Não havendo referenciais na língua para essas palavras, não me surpreende que os falantes não concordem prontamente numa forma única. Depois o facto de o português já estar estabelecido no Brasil e Portugal quando as palavras integraram a língua facilitou que vingassem formas diferentes nos dois países, como foi basicamente o caso de transístor e transistor.