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Vi numa gramática (Almeida, 2009) que não devemos usar "mesmo" no lugar de pronomes pessoais retos ou oblíquos. Um erro que é muito comum.

Assim as frases a seguir estão incorretas:

João faz cursinho. O mesmo pretende estudar engenharia.
Comprei um carro. O mesmo é automático.

O correto seria:

João faz cursinho. Ele pretende estudar engenharia.
Comprei um carro. Ele é automático.

No dicionário Priberam existe a seguinte definição de "mesmo" como pronome demostrativo:

Pronome demonstrativo
2. Coisa ou pessoa que já foi mencionada anteriormente (ex.: eu fiz a tarefa, mas a mesma não ficou perfeita).

Essa frase não seria: eu fiz a tarefa, mas ela não ficou perfeita?

Quais são as situação em que podemos usar "mesmo" como pronome?

Referências
ALMEIDA, Nilson Teixeira de. Gramática da Língua Portuguesa. 9 ed. São Paulo: Saraiva, 2009.

"mesmo", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2013, [consultado em 24-02-2016].

2
  • 3
    "Não devemos usar" e "erro" pode ser dito de uma frase que quebra as regras da gramática, mas também pode ser dito de uma frase gramatical quando há melhores alternativas. Não tenho o livro; ele diz que não é gramatical? ou diz que não é aconselhável?
    – Dan Getz
    Feb 24, 2016 at 16:59
  • A palavra mesmo quando significa algo mencionado anteriormente se usa em contextos formais. Não na linguagem cotidiana. Então, as duas primeras frases não estão "erradas" mas ninguem fala assim. Se ve em textos formais e jurídico, por exemplo.
    – Lambie
    Jan 30, 2022 at 17:39

1 Answer 1

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As situações em que o uso é consensual são as do significado 1. do Priberam, como em ele não é mais o mesmo:

  1. Indica igualdade, semelhança ou identidade (ex.: ele vestiu estas mesmas calças ontem; ela continua a mesma apesar de tudo o que lhe aconteceu).

O uso anafórico (o significado 2. do Priberam) é de facto criticado por várias autoridades. Esta página reúne a opinião de vários autores.

Não obstante, o uso está largamente difundido, quer no Brasil, quer em Portugal (mas, pelo menos em Portugal, somente na escrita). Também não consegui encontrar argumentos fortes contra este uso. É portanto mais uma questão de estilo.

O Ciberdúvidas nota ainda que o mesmo pode não ser equivalente a ele/este/etc., porque o mesmo tem mais tendência para ser lido como referindo-se ao elemento mais próximo. Repare-se no exemplo lá dado:

Muitos elogiavam as suas atitudes gentis, mas eu fui traído pelas mentiras dela, nunca me dei conta delas/das mesmas.

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