Apesar da abundância dos encontros consonantais com ⟨l⟩ no português, para mim o vocabulário do português é marcado por certas faltas deles que se transformaram em ch: chamar (/kl/), chama (de fogo; /fl/), chorar (/pl/), chumbo (/pl/), cheio (/pl/), chão (/pl/), chuva (/pl/), etc. Mas isto aconteceu antigamente e não representa nenhum proibição agora.
Acho que o que seria difícil para pronunciar tem muito a ver com a experiência de cada pessoa. Eu por exemplo acho encontros consonantais como /dl/, /tl/, /dv/, e /ʃks/ (sem falar do [dʃpg]) difíceis de pronunciar, talvez porque não existem na minha língua materna, o inglês. (Por exemplo, bed-lam e ad-vise são divididos.) Mas sei que outras pessoas têm menos dificuldade com eles.
Me parece que /dl/, /sl/, e /vl/ não aparecem no português principalmente devido à sua falta no latim, fonte da maioria das palavras portuguesas.
De acordo com Phonology: Critical Concepts in Linguistics, Volume 4 (p 281), no latim existiam só /pl/, /kl/, /bl/, /gl/ e /fl/. Aqui não aparecem /dl/, /sl/, /vl/, nem /tl/. (Por exemplo, atleta /a-tlɛ-tɐ/ vem do athleta /atʰ-le-ta/.) A falta de /tl/, /dl/, /sl/, e /sr/, e a presença de /tr/ e /dr/, é considerado por os autores "sem dúvida 'sistemática' em vez de 'acidental'" e é explicado com uma regra (tradução minha):
Num encontro obstruente-ressoante, a ressoante tem de ser uma líquida; mais ainda, se a obstruente for dental, ela tem de ser oclusiva e a líquida tem de ser /r/.
Em termos do /vl/, é importante lembrar que no latim clássico não havia /v/. A letra ⟨u⟩ podia ser /u/ ou /w/. Acho /wl-/ muito difícil de pronunciar. Não existe no português moderno, e não segue o "Sonority Sequencing Principle", porque as semivogais (como /w/) são mais sonorosas que as líquidas (como /l/).
Encontrei outra análise em The Phonology of Portuguese (p 41–42). Aqui se fala do "Dissimilarity Condition" que torna difícil no português encontrar uma fricativa antes de /r/ ou /l/. Isto quer dizer que uma língua prefere ter bastante diferença em termos de sonoridade entre os consoantes num encontro consonantal, e que fricativas e líquidas não têm o bastante para o português. A evidência é a inexistência, na maioria das palavras portuguesas, de /sr/, /zr/, /ʃr/, /ʒr/, /vl/, /sl/, /zl/, /ʃl/ e /ʒl/, e a suposta raridade de /fr/, /fl/ e /vr/.