Para mim, a questão não é se "viver" nesse sentido seria correto ou não, mas sim se esse tipo de uso é adequado em determinados contextos linguísticos. É importante notar que não há erros gramaticais nas frases acima; a questão é puramente semântica.
Parece lógico ver esse uso de "viver" como uma extensão figurada do sentido original da palavra: "viver a vida". Assim, "eu vivo fazendo gracinhas" poderia vir simplesmente de "eu passo a minha vida a fazer gracinhas". Com o passar do tempo, a fórmula poderia ter se tornado mais e mais normal, passando a ser um sentido diferente de "viver". Acho que processos similares devem ter ocorrido com verbos como "andar" e "ficar":
Eu ando brigando muito com ela.
Fiquei muito triste ontem.
Não acho o fato de "viver" ter outros sentidos seja um problema, visto que em nenhuma dessas frases há ambiguidade e dificuldade de compreensão. Note que "viver", além de significar "morar", tem o sentido primário de "viver a vida"; e certamente não vamos discutir que "viver" não pode ser usado como "morar" só porque tem outro sentido.
Por outro lado, esse uso de "viver" me parece mais coloquial. Dependendo do grau de formalidade do texto e do contexto, pode ser mais adequado substituí-lo por outra construção equivalente:
Fulano sempre briga com Fulana.
Vou à feira todos os dias.