No entanto, mesmo para alguns destes falantes, o uso das duas formas em orações relativas com antecedente implícito não é tão livre quanto possa parecer pelos outros contextos.
Assim, quando o antecedente é explícito, se a construção relativa (recorda-se: o sintagma nominal que contém o antecedente - implícito, neste caso - e a oração relativa) estiver integrada num constituinte com valor locativo dinâmico de destino (valor esse determinada na oração principal), a forma onde é considerada estranha pelos falantes, mesmo que o constituinte relativo tenha um valor estático na oração relativa [antecedente implícito marcado por _]:
(i) a. No domingo vamos aonde nos conhecemos _.
b. ??No domingo vamos onde nos conhecemos _.
Em contrapartida, se a construção relativa estiver associada a um valor locativo estático na oração principal, onde é preferível a aonde, mesmo que o constituinte relativo tenha um valor locativo de destino na oração relativa:
(ii) a. No domingo estivemos onde tu foste _ no verão.
b. ?No domingo estivemos aonde tu foste _ no verão.
Para estes falantes, a alternância condicionada entre onde e aonde nestes contextos parece ser determinada pelo valor semântico da construção relativa na oração principal. Assim, quando este valor é dinâmico, de destino, como em (i) (neste caso determinado pelo verbo ir), a forma preferida aonde, independentemente do valor locativo do pronome na oração relativa.
Ao valor locativo de destino está associada a preposição a, enquanto ao valor locativo estático está associada a preposição em, não ocorrendo esta última quando o locativo corresponde ao pronome relativo onde. Em (ia), apesar de haver uma fusão fonética e ortográfica da preposição a com o pronome, o constituinte relativo é apenas onde, visto que a preposição pertence, na realidade, à oraçào principal, sendo selecionada pelo verbo ir; ou seja, a preposição introduz o antecedente implícito da oração relativa [...][marcado a seguir por _]: a _ [[onde] ...] cf. ao lugar onde... Portanto, é natural que mesmo falantes que associam a forma aonde a registos mais populares prefiram (ia) e rejeitem (ib), pois aqui não se trata de variação lexical entre os pronomes onde e aonde, mas sim da aplicação de um requisito que condiciona a estrutura da frase. Esses mesmos falantes rejeitarão totalmente (iib), da mesma forma que rejeitam orações como aonde foste?.