Bom, a nossa ortografia decididamente não é etimológica. Por isso escrevemos Filipe e não Philippe, máquina e não machina, tísica e não phtysica.
No caso, as outras línguas românicas não tem como utilizar a letra m, pois elas mantém o som na língua falada. É amano e não amamo em italiano, seria absurdo escrever de outra forma. Da mesma forma em espanhol, onde, embora não haja vogal depois do "n", a pronúncia da consoante é bem clara.
Em português isso não ocorre; a consoante não é mais pronunciada, e a letra "n" ou "m" no caso serve apenas como índice de nasalização (e ditongação) da vogal anterior. Assim, a distinção que existia no latim, entre palavras terminadas em "n" e "m" (em que essas consoantes efetivamente se pronunciamvam) se perdeu e a pronúncia é a mesma em ambos os casos. Se não queremos decorar listas de palavras que terminavam com "m" versus palavras que terminavam com "n" em latim, temos que usar um único sinal gráfico para indicar a nasalização. Optou-se pelo "m", como poderia ter-se optado pelo "n". E manteve-se o "n" no plural, para obedecer à regra segundo a qual não se usa "m" antes de consoantes, exceto "p" e "b".
(Ainda há exceções, como dólmen e dólman, por exemplo. Não sei qual a lógica disso, mas são muito poucas palavras, e, a não ser hífen, de uso bastante infrequente.)